Como todo culto, independente de seus objetivos, sejam moralmente aceitos ou não, a Quimbanda também possui um duplo aspecto: Esotérico, interno e de caracter psíquico que nos remete aos seus mitos e o Exotérico, externo, popular que nos leva ao ritual em si. Embora o Exoterismo, dentro da Quimbanda, prevaleça sobre o Esoterismo este último não pode ser desconsiderado, pois ele guarda os segredos do ínicio do culto, e que são manipulados por seus seguidores mais mal intencionados do que aqueles que simplesmente se envolvem na busca de satisfazer vontades pessoais.
O Esoterismo não é muito divulgado por dois simples motivos, o primeiro, citado anteriormente, é dos "sacerdotes" do culto não desejarem revelar seus embustes, e o segundo, é, em se tratando de um culto implantado em meio a pessoas de origem humilde, onde a falta de instrução é maior, há o desinteresse pela pesquisa, pelo estudo ou pelo básico de parar para analisar se tais práticas podem levar a um crescimento moral, espiritual e social.
O apecto esotérico é, para os que possuem boa vontade de aprender, meditar e realizar um julgamento ético e moral, de muito mais fácil entendimento. A Quimbanda nada mais é do que um aglutinado de lendas e mitos, que anteriormente serviam para incutir medo naqueles que não aceitavam se submeter a conduta religiosa e moral de épocas anteriores, e tem por seus conduteres do lado espiritual, por assim dizer, seres amorais, que em suas existências terrenas não aceitaram as regras sociais impostas para obem de seu grupo, em suma eram subversivos a ordem geral. Tais espirítos, inconformados com sua situção de atraso, decidiram servir de entrave aos outros espirítos, criaram mitos como o do inferno, onde nada mais é do que o afastamento da Verdadeira Luz, neste suposto lugar seriam eles onipotentes, senhores de suas vontades, libertos do julgamento moral que porventura a eles pudesse ser aplicado.
Para tanto, era necessário a figura de um ídolo, um novo "deus" criado a sua vontade, surgiu daí a esdrúxula figura do diabo, cuja etmologia significa caluniador, ou em sua primitiva versão hebraica, Satan ( ou Satanás ), que significa opositor. Seria, então, um "ser" oposto a Deus e capaz de lhe fazer frente, ou pelo menos, tumultuar seus intuitos, tais com fez Irshu em gurra cívil contra seu próprio pai, coincidência ou transliterações de mitos a lendas, o fato é que uma segunda "Força" deveria ser criada para satisfazer a vontade dos rebeldes espirituais.
Posteriormente outras figuras foram sendo agrupadas as primeiras lendas, como Lúcifer ( do latim lux: luz e ferus: portar, carregar; Aquele que trás a Luz ), embora tal denominação fosse atribuida , por incrível que pareça, ao planeta Vênus, que antecede o Sol, tanto no alvorecer quanto no porvir, "trazendo a luz", este foi mais um ser demonizado para a comodidade dos embusteiros da fé, trazer a luz soaria mais bem-visto aos incautos seguidores
do culto. Outra figura atrelada ao culto de forma distorcida, obviamente, Belzebu, que se origina do primitivo conceito de deus dos fenícios, Baal ( que significa Senhor, e cada cidade possuía seu "Senhor" ou seu "Baal" ) e Zebub ( que no hebraico denomina "aquilo" ou "coisa" que pode voar, nesse caso os chamados elementais do ar ) por uma interpretação erronêa Baal-Zebub foi tido como o "Senhor das moscas", isto para coincidir com o fánatismo da fé cristão no período da ídade média, onde, ou se estava ao lado da Igreja ou contra ela e seu "Deus", Belzebu passou a ser um ícone de protesto contra a hípocresia religiosa em vigor, álem de servir aos espertos charlatões místicos.
Mais adiante, foi acrescentado ao este sistema indistinto de culto, o termo cabala ( outra palavra de origem hebraica, Kabbala, que se traduz por: Aquilo que é recebido, ou aquilo que é aceito. Tal sistema, baseado na teoria mítica da sincronicidade, que prega que as conincidências são sinais de Deus e podem, se forem pesquisadas com minúcia podem revelar fatos novos, ou simplesmente, afirma que nada é por acaso e sabendo da origem pode se chegar ao resultado das ações antes que elas ocorram ). A Kabbala original afirmava que as palavras possuem poder próprio, os nomes possuiriam uma vibração que causaria um movimento psíquico no astral, desta forma a cabala quimbandeira passou a atribuir a cada Exu uma denominação especial, oriunda de antigos "demônios" europeus e da mitologia judaica-cristã, nomes como Pentagnony, Aschtaroth entre outros.
Por fim, a de se concluir o óbvio, a quimbanda, em seu sistema híbrido, é uma mescla de interesses, lendas, embustes que aproveitando-se da porcentagem numerosa da população sem acesso a cultura, criou um cenário de mistificador de soluções, embora questionáveis, para problemas simples como aquisições de bens materias, conquistas afetivas, vingança contra opositores, e tudo mais que possa contrariar a Lei Natural da Evolução do Espiríto.